terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Adobe aprende lição com Flex open-source

A Adobe Systems está aprendendo os desafios e complexidades de abrir o fonte de seu programa

Um ano e meio depois da Adobe ter lançado o Flex Software Development Kit (SDK) sob a Mozilla Public License (MPL) para encorajar o desenvolvimento é a empresa - não a comunidade - que continua com a tarefa de desenvolver e corrigir o Flex.

A maioria das submissões de código são dos funcionários da Adobe, com a maioria dos contribuidores de fora reportando bugs em vez de darem idéias/funcionalidades novas.

Quando anunciou que estaria abrindo o código fonte do Flex em abril de 2007, a Adobe disse que o movimento seria um meio de, em conjunto com a comunidade de desenvolvedores, adicionar dinamismo e inovação. Flex é um de muitos códigos da Adobe que serão abertos, seguindo entre outros, Tamarin a BlazeDS. O prêmio principal, Flash Player, continua fechado.

Matt Chotin, gerente sênior de produtos, disse que é um desafio trazer pessoas para a comunidade que dêem idéias e sugestões para o Flex com submissão de código.
"São várias pessoas que dizem casualmente que querem alguma funcionalidade, mas não querem criar uma conta."

"Nós temos uma comunidade Flex muito ativa... mas trazer pessoas simplesmente mandando uma idéia sem nada a suportando é difícil - qualquer idéia é boa desde que tenha código com ela".

"Nós ainda estamos tentando entender como fazer a comunidade e empresas dizerem: 'Essa é uma mudança importante e eu quero fazer essa contribuição.'"


Enquanto isso existe a falta de um sistema de fornecedores (NR:entendi como empresas que desenvolvem usando Flex) em torno do Flex. Reconhecidamente, a comunidade Flex open-source é relativamente nova, mas Chotin parece pensar que uma comunidade baseada em fornecedores seria melhor em submeter idéias e especificações. Como fornecedores tem algo em jogo, teriam mais boa vontade em disponibilizar recursos e código para completar as alterações.

Isso aconteceu em outras comunidades. Com IBM/Eclipse, por exemplo, fornecedores de áreas específicas lideraram projetos que facilitaram atender o objetivo de suas estratégias.

"Eu espero ver mais contribuições acontecendo dessa forma. Precisamos construir isso... com o ecossistema crescendo teremos mais contribuições formais em torno dele."


Mas Chotin admitiu que a Adobe mantém as contribuições que tem recebido atualmente, que são basicamente correções, sob um controle muito rígido. Ele disse que consome muito tempo aceitar todas as correções enviadas à Adobe.

Além disso, tem o desafio de fazer a comunidade aceitar o “road map” que a Adobe prefere e que pode levar adiante, sem fazer com que as pessoas desistam por ver a Adobe mantendo um controle muito rígido. Existe uma linha tênue entre fornecer informações suficientes à comunidade e dar dicas aos concorrentes sobre os planos para o Flex.

"Tentamos falar sobre os conceitos que pensamos ser importantes e os colocamos no contexto do Flex sem dizer quais outras coisas estamos fazendo na Adobe para tirar proveito disso."

"É um desafio para nós falar sobre as idéias que queremos no Framework Flex sem expor as idéias comerciais que estamos trabalhando."


Chotin admitiu que uma coisa que a Adobe poderia ter feito melhor antes de tornar o Flex open source era pesquisar melhor como outros projetos open source funcionam. Isso poderia ter dado informações sobre como o projeto Flex poderia ter sido definido e melhorar a forma como as coisas tem sido feitas.

Além disso, enquanto Chotin diz que a Adobe está contente com a escolha da MPL, poderia ter havido mais pesquisa sobre o assunto licenças.
"Não é um inferno entender uma licença, é um inferno escolher uma licença." disse ele, notando que "todos são críticos" sobre qual licença é melhor.

Valeu a pena abrir o fonte? A maioria dos custos que a Adobe teve - e continua tendo - ao abrir o fonte do Flex vem do número de pessoas/hora envolvidas no trabalho das correções submetidas, por exemplo. Chotin afirma que não pode colocar nem mais um dolar no trabalho.

Ele continua confiante, contudo, que open-source é a direção correta já que pode ajudar a semear a captação de outras tecnologias Adobe, como a Cocomo, para incluir capacidade de rede social em Rich Internet Applications (RIAs) que usem Flex, inclusive o próprio Flex.

"Quanto mais o Flex for adotado, mais a Adobe deve se beneficiar. Se o Flex crescer mais por causa dos nossos esforços open-source, teremos um grande grupo de desenvolvedores usando Cocomo. Mas isso não necessariamente é traduzido instantaneamente em dólares."


Texto original: The Register

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Moeda de troca

Esse texto foi escrito por Daniel Mattos e Paula Wetzel e saiu publicado no site o globo no dia 07/11/2008. Daniel Mattos é cineasta e doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e Paula Wetzel é arquiteta, especialista em Urbanismo pelo Bennett

Paes usa a Cultura como troco

A escolha de Jandira Feghali para a pasta da Cultura na nova administração carioca é o pior sinal emitido até agora por Eduardo Paes. Demonstra de forma inequívoca a reedição da desgastada prática de loteamento irresponsável da administração pública, em um movimento oposto ao prometido pelo então candidato.

Tanto Paes quanto Jandira já são versados na arte da contradição entre palavras e atos. Mudam de aliados e inimigos de uma semana pra outra, pois crêem que os fins justificam os meios. Os fins, nesse caso, correspondem exclusivamente ao acesso a mais uma dose do viciante poder, exercido através de uma dotação orçamentária, não importa qual.

Não podemos nos permitir enquanto cidadãos receber com naturalidade a afirmação de Jandira de que desejaria "uma secretaria com viabilidade econômica" e ponto. A tradução última dessa lógica predatória é a seguinte: não lhe importa a secretaria, o que importa é a grana.

Jandira tem intimidade nenhuma com a Cultura. E sua fulgurante ignorância a respeito do assunto já se faz patente nas primeiras declarações, como demonstra a afirmação de que os proprietários de imóveis incluídos nas Apacs não os podem vender. Há um ato-falho embutido nessa gafe. Os imóveis obviamente podem ser vendidos, mas deixam de interessar às construtoras, que naturalmente gostariam de espetar em seus lugares novos grandes espigões em bairros já completamente saturados.

Jandira não entende ou finge não entender (não se sabe o que é pior) que a Apac não é um instrumento exclusivamente cultural, mas também tem papel fundamental no ordenamento urbano. E mais: os traços arquitetônicos da cultura não se revelam exclusivamente na antiguidade das construções, mas também nas suas dimensões e formas de integração com o espaço público. Uma cultura em extinção está representada no pequeno prédio com apartamentos térreos, outra se faz sentir naqueles se isolam das ruas por três ou quatro andares de garagens de concreto.

Jandira revela, já no seu primeiro dia servindo-se do poder, que pretende usar um casuísmo semântico (a palavra cultura na sigla Apac) para beneficiar os interesses da especulação imobiliária, desprezando por incompetência ou má fé a natureza interdisciplinar das Apacs.

É muito triste constatar que a pasta da Cultura, considerada sempre secundária pelos políticos tradicionais, é usada mais uma vez como troco no balcão de negócios da barganha política, impondo à cidade pesadas perdas de longo prazo em favor de mesquinhas vantagens de curtíssimo prazo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Turismo em Jacarepaguá

Desde que comecei a trabalhar em Jacarepaguá tinha curiosidade de saber o que era uma construção no alto de um morro, que via praticamente de qualquer lugar. Esse mês, finalmente fui até lá.

O lugar é a Igreja de Nossa Senhora da Pena. Ela fica no alto desse morro (Pedra do Galo), a 170 metros de altura. O acesso é feito por uma estrada de pedra, bastante irregular e íngreme, construída por escravos. A igreja foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAM), em 1938.


Existem datas diferentes informando a sua construção. O que consta no site da igreja é que em 1661 um negrinho escravo perdeu uma vaca de seu senhor, que ameaçou lhe dar uma surra caso a vaca não aparecesse. O escravo pediu proteção à Nossa Senhora e, ao olhar para o morro, a viu apontando para onde estava a vaca. Tal milagre foi presenciado pelo fazendeiro que em reconhecimento mandou construir uma capela no alto do morro e alforriou o escravo. Foi o primeiro registro de alforria no Brasil.




Em 1664, o Padre Manuel de Araújo construiu a igreja atual, com a marca dos jesuítas. Em seu museu estão relíquias interessantes como uma pedra batismal utilizada por Anchieta e uma cadeira onde D. Teresa Cristina, esposa de D.Pedro II era transportada pelos escravos até o alto do morro.

Não pude entrar, pois a igreja estava em obras. Só pude tirar fotos do lado de fora e, por azar, o dia estava meio nublado. As fotos:






Relógio de sol na lateral da igreja. Sim, tirei a foto do lado errado...


Lateral da igreja



Freguesia e parte do Anil


Mais Freguesia


Barra da Tijuca ao fundo


Em baixo Pechincha e ao fundo o Parque da Pedra Branca


Ao fundo Taquara




Porque Armazém 5

Porque todos os nomes que eu escolhia já estavam em uso (Alguns com apenas um post antigo. Acho que o Google deveria ter uma política de excluir os blogs que tivessem apenas um post por um tempo muito longo).

Não sei porque, cismei com armazém, que já estava em uso (não tem nem post, só reservaram o nome). Então, lembrei do cais do porto, que tem vários armazéns numerados. Se alguém ficou com o primeiro, resolvi tomar posse do 2. Também estava em uso, com um post de 2006. Pensei no 22 mas descobri que ele será demolido.

Resolvi olhar no site do Porto do Rio para conhecer os armazéns. Como não queria ficar no mesmo terminal de carga do cara do armazém 2, resolvi partir para o terminal de trigo, onde o primeiro armazém é o 5:

Cais da Gamboa: Terminal de Trigo – Cais do Armazém 5 e 6: De uso público, não arrendado, com um berço e profundidade para embarcações com calado de até 10,20 metros, numa extensão de 250 metros, com 2 equipamentos para descarga de grãos de capacidade de movimentação de 300 toneladas por hora cada, e um sistema com transportador de correia interligando o cais aos silos do Moinho da BUNGE.